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10 Mar
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Divisória de vidro - O elemento delimita e, ao mesmo tempo, integra espaços corporativos. A solução pode ser desenvolvida com diferentes tipos de vidro, com cores variadas e a possibilidade de receber películas decorativas

A divisória piso-teto de vidro ganha cada vez mais espaço na arquitetura de interiores de escritórios, assegurando transparência e fluidez visual, ao mesmo tempo em que o espaço físico é delimitado. De acordo com o arquiteto Antonio Mantovani Neto, diretor do escritório Pitá Arquitetura – nova designação da DM/AM –, a tendência fundamenta-se na nova política gerencial das empresas. “As companhias estão se tornando mais transparentes, e essa nova postura é transmitida fisicamente com o uso do vidro. É claro que elas mantêm a confidencialidade, mas evitam salas e portas fechadas, que passam a ideia de que há coisas a esconder”, declara.

As companhias estão se tornando mais transparentes, e essa nova postura é transmitida fisicamente por meio do vidro. É claro que elas mantêm a confidencialidade, mas evitam salas e portas fechadas, pois passam a ideia de que há coisas a esconder - Antonio Mantovani Neto

A permeabilidade e integração dos espaços são os conceitos adotados pelo escritório Arealis Brasil nos projetos de divisórias. O entendimento é que elas não existem mais como simples divisoras de espaços, mas para apontar ou destacar uma área. Para o arquiteto Enrico Benedetti, sócio da Arealis, as divisórias de vidro são um elemento importante na hora de expressar o conceito arquitetônico do projeto, cumprindo funções espaciais, estéticas e funcionais. Elas são essenciais para delimitar os espaços de encontro e relacionamento, cooperativos e colaborativos, garantindo alguma privacidade sem criar barreira visual.

Mantovani Neto reforça que as divisórias de vidro vão além da delimitação de salas de reuniões e de trabalho. “Podem ser empregadas também na sala do café, como fizemos na sede do Linkedin, ou na recepção. Enfim, elas exercem diversas funções em um escritório”, diz. Benedetti acrescenta que é muito interessante procurar novos usos para esse produto. “Uma divisória que delimita um espaço colaborativo pode ser de vidro branco, para que possa ser usada como lousa. Assim, ela vira um item criativo, que compõe o espaço em vez de isolá-lo”, exemplifica.

OPÇÕES DE VIDRO

Há várias opções de cor, acabamento e textura que permitem integrar com mais facilidade as divisórias ao conceito do projeto. Os perfis recebem acabamento com diferentes cores, e os vidros podem ser coloridos ou vestir películas adesivas decorativas. Por fim, em projetos sofisticados, elementos de marcenaria podem ser incorporados. “Podemos produzir divisórias com vidros laminados com PVB (polivilbutiral), além de cores e qualidade acústica variadas. O mercado oferece também vidros únicos com qualidade acústica fantástica”, informa Benedetti.

O escritório Pitá utiliza apenas vidro laminado (chamado de vidro de segurança), respeitando as normas técnicas. Suas divisórias são, geralmente, piso-teto, com altura de até 2,40 metros, dependendo do pé-direito do pavimento. “Dificilmente, optamos por um mix de drywall e vidro, já que o que queremos é fluidez. Há quem faça isso, mas não é o que gostamos, pois fica com cara de ‘janelinha’, e o bonito é o pano de vidro inteiro”, opina Mantovani Neto.

Uma divisória que delimita um espaço colaborativo pode ser de vidro branco, para que possa ser usada como lousa. Assim, ela vira um item criativo, que compõe o espaço em vez de isolá-loEnrico Benedetti

ISOLAMENTO ACÚSTICO

Benedetti explica que o conforto acústico dos ambientes depende de muitos fatores, mas que o vidro é um isolante acústico excelente. Quando laminado, melhor ainda, inclusive com a possibilidade de se usar PVB acústico. Outra opção é a parede de vidros duplos insulados, criando uma câmara que também funciona como isolante. 

“Para obtenção de bom condicionamento acústico, é essencial o tratamento das juntas com elementos construtivos como septos, pisos e forros. Temos de evitar, ao máximo, a existência de frestas, fazendo uniões flexíveis com uma boa vedação”, recomenda. 

A estrutura das divisórias faz parte do conjunto e pode ser feita de MDF, alumínio composto, madeira e PVC com cor natural, pintados ou laqueados, de acordo com a necessidade. 

Mantovani Neto acrescenta que, para garantir o isolamento acústico, o ideal é aumentar a espessura dos laminados, com vários painéis de vidro intercalados com PVB. Ou, ainda, optar pelos vidros duplos insulados. “Neste caso, podemos utilizar persianas internas, o que vai assegurar, também, a privacidade da sala, fechando-as quando necessário”, sugere o arquiteto, contando que a estruturação das divisórias projetadas pelo escritório é sempre de alumínio anodizado com padrões variados, inclusive de aço escovado. O metal pode ser pintado ou encapado com lâminas de madeira. 

PRIVACIDADE

A privacidade dos espaços delimitados pelas divisórias de vidro pode ser assegurada com diferentes soluções. Benedetti cita algumas sofisticadas e inovadoras como o vidro técnico, que fica transparente ou opaco mediante acionamento elétrico, ou as persianas internas ao vidro duplo, que podem ser encontradas em cores e acabamentos variados, e também com sistema de ativação automatizada ou manual.

A solução mais usual e simples é a aplicação de películas decorativas, que permitem a entrada de luz e mantêm a privacidade. Segundo Mantovani Neto, elas podem ser aproveitadas para criar a comunicação visual da empresa, como a logomarca. “Mais caras do que as soluções convencionais, as divisórias de vidro só fazem sentido quando se pretende preservar a entrada de luz. Caso contrário, quando o cliente não quer salas com algum nível de transparência, optamos por outros tipos de fechamento, como o drywall, que tem custo bem menor”, comenta o diretor da Pitá.

As intervenções com adesivagem exigem alguns cuidados. É usual a Arealis aplicar películas adesivas com grafismos e desenhos elaborados por seus designers, sempre adequadas à identidade corporativa do cliente. Elas podem também regular a visão dentro da sala, através da opacidade progressiva ou da intensidade dos elementos gráficos.

Quanto aos vidros coloridos, os arquitetos da Pitá gostam e adotam, porém com bastante parcimônia, porque as cores tendem a se tornar característica muito forte na arquitetura de interiores, podendo resultar em um projeto desequilibrado. 

Lousa
As divisórias de vidro podem cumprir ainda a função de lousa para anotações com canetas específicas, tanto em salas de reuniões como em espaços colaborativos. O vidro pode ser temperado pintado de branco, desde que se use o extraclear para evitar que fique esverdeado; o laminado com PVB branco, colorido na camada interna do vidro ou serigrafado.

A solução é adotada pela Pitá quando o cliente indica a necessidade. “Ele deve nos informar se o que escreve é privado ou não, ou seja, se as pessoas do outro lado da divisória podem ler. Se não puderem, colocamos adesivo jateado na face externa do vidro, o que não impede a entrada de luz, mas ’protege’ as anotações”, conta o diretor, acrescentando que, finalizada a reunião, é só limpar que fica perfeito, sem manchas.

COLABORAÇÃO TÉCNICA

Antonio Mantovani Neto – Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). É diretor do escritório de arquitetura Pitá.

Enrico Benedetti – Formado em Arquitetura e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Università degli Studi di Firenze, na Itália. Trabalhou em Paris com arquitetos consagrados como Massimiliano Fuksas. No Architecture-Studio, chefiou o projeto e a obra da sala do Hemiciclo do Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França. Em 1999, já em São Paulo, criou o escritório Enrico Benedetti Arquitetos (EBA). Desde 2012, é sócio do Arealis Brasil.  

 

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